terça-feira, 20 de abril de 2010

NOTHING SPECIAL II

Conversando com você me sinto mais calma. CALMA, CALMA, estamos indo rápido demais com essa conversa, que epifania. Para, quando usei epifania em uma frase? Acho que nem no colégio, nem soletrar soletrei E-P-I-F-A-N-I-A. E aquele papo todo sobre hipocrisia? Será que as pessoas já nascem com ela? Percebeu que todas frases são perguntas? Pare com isso. Você acredita em destino? Nunca acreditei, fazemos nossos ideias, embora Caio diga que ATRAIÇOAMOS-TODOS-ELES. Estou falando rápido demais, estou?
Tenho ouvido Strokes todos os dias, lido as notícias on line, alimentado-me mal, fumado demais, pensado muito, feito pouco, dançado menos. Amores não tenho vivido, por isso meu espírito tem estado tão fraco, vivo dessas LOUCURAS. Saudades tenho, do meu pai, do céu. Vontades não, até respirar está difícil, o quadro está torto, notei, mas não me movi, e daí, quem olha quadros ultimamente? Ultimamente tenho me perguntado se tomei a decisão certa, se apaguei a luz ou esqueci algo em casa.


Sem comentários hoje.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

- Nothing special baby;

Oi oi. Quanto tempo. Passei meses fora descobrindo lugares, pessoas, mas senti falta das nossas conversas de botões. Adorava receber suas cartas quilometricas, que falavam do tempo até a situação sempre caótica da política no país. Você dizia: "-Dalê mundo capitalista." Escrever para você sempre me trazia boas lembranças, mas hora me dava uma certa angústia por estar tão longe do meu lado masculino, dos bares da Vila, das rodas de samba.
Lá desfrutei das maiores formas de distração, leitura, drogas, sexo, conversas... Mas não tão boas quanto as nossas ao telefone, falando até dos vizinhos. De onde tirávamos aqueles assuntos, de onde? Se soubesse iria buscar um que não fosse esse, saudade sempre me deu dor de cabeça e no peito. Alias, venho sentindo umas pontadas estranhas no peito. Sei, sei que devo ir ao médico, quem sabe na próxima semana. Sei lá.
Vim o vôo todo pensando como seria nosso encontro no aeroporto, pensei até no que diria quando nos vissemos, e até o que diria a mim mesma se não aparecesse. No fim deu tudo certo, apareceu e recebeu-me de olhos e braços abertos. Não esperava vê-lo tão abatido, pensei ser o cansaço. Me veio: - Devo estar com a cara e o cabelo pior. Terminamos a noite naquele bar na Augusta. Como era o nome? Ah, eu não gravo nomes. Quando soube que estava doente por outros me veio uma sensação de desespero e muita falta de conformismo, a Aids estava na moda, mas nuca fomos de seguir a moda, eu sempre de jeans e camiseta e você com suas camisas amarotadas. Não era justo, não você que sempre gostou de ajudar as pessoas, até as que não mereciam, acreditando nelas, o que eu nunca consegui.
Os dias passaram e não consegui levantar-me para visitá-lo, não tinha força nas pernas, eu dizia pra elas levantarem, mas me ignoravam sem vergonha. Tive medo, você sempre disse que era medrosa, sou mesmo, embora meu orgulho não deixe assumir a mais ninguém. A ligação veio no meio da noite, lembro de estar em frente a janela. Não lembro de mais nada nas duas semanas, não sei o que fiz, se comi, se dormir... só comecei a guardar lembranças depois que sonhei com você e soube que estava bem... Bem, bem, estou bem também, só com uma pontadas no peito, consequência da saudade. Já te disse que saudade me dá umas pontadas estranhas no peito?


- Já sai por ai ouvindo Libertines e cantarolando samba antigos. São essas pequenas atitudes que expressão que estou de volta, com a garganta molhada de novos momentos. E como dizia Camelo: "... até quem me vê lendo o jornal na fila do pão sabe que eu te encontrei"