segunda-feira, 28 de setembro de 2009

- Meu caso com Caio;

Nos enroscamos no começo da manhã e com as mãos frias eu o despi, com leves movimentos desenhando por cima de seus contornos. Minha vontade era de saber mais sobre ele, mais, mais, mas por sua vez ele mantinha segredo sobre seus momentos, contando pouco a pouco, linha por linha. Dizia-me frases com gosto de saudade, de perdas, de segunda-feira todas as manhãs. Nessa manhã Caio e eu.

Devorando o 'O ovo apunhalado' - Caio F.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

-Tempo de chuva;

Você é testemunha que tentei, tentei mais vezes do que pude aguentar.
Ás vezes eu o esquecia em alguma esquina, o deixava sempre ao lado
de algum poste (um ponto de referência), mas depois de um tempo
lá ia eu busca-lo, e ele vinha perguntando onde eu estive nos meus pensamentos.
Conheci alguns caras, só se diferenciavam uns dos outros pelo nome e a cor de cabelo, por dentro o mesmo vazio, a mesma cor. Um ou outro até me encantei, por um tempo eu pensei que não sentia mais a falta do outro dentro do armário, mas a noite ele arranhava a porta e deixava bilhetes cheios de erros ortográficos colados na geladeira (não custa nada deixar mais humorado).
Uma vez cheguei a deixa-lo fora de minhas idéias por mais de um mês, mas o lugar foi ocupado por um idiota e convenhamos, melhor o garoto da cidade (pequena) do que um idiota. Então eu não me incomodei em tê-lo de volta. Pensei que se ele sempre esteve aqui, sempre, talvez pudéssemos nos ver, um café, um pôr do sol, nada demais. Mas o que me fez pensar que ele apareceria dessa vez? Ele nunca aparece (olhe as pitangas outra vez).
Ótimo, o tempo está ruim mesmo, o que eu faria naquela cidade em uma quinta-feira, dia de bar? Não seja boba, eu não trocaria o cara dos meus pensamentos por ele. O cara que existe aqui ainda me olha diferente, lê Carlos Drummond de Andrade para termos assunto e me liga em madrugadas.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Meus botões;

Eu estou com essa necessidade meio estranha de escrever. Veja ás horas, 03:07. Um bom horário para chorar as pitangas. Ora, não me olhe assim, eu sei que você estava assistindo ao noticiário apenas para passar o tempo, me esperando chegar com novidades. Bem, eu tenho algumas.
Sabe, eu passei o caminho todo de volta, que não leva mais do que 25 á 30 min. pensando em motivos afáveis ou não tão afáveis (afinal ele não vai prestar tanta atenção) para telefonar. Acho que se eu ligasse agora ele ainda atenderia, com uma voz de sono, mas aquela voz que eu gosto tanto, meio rouca. Ai, eu estou falando dele denovo e você já está me olhando de canto, como se quisesse dizer: Essa história eu já vi, revi e não gostei do fim. Eu também não gostei, alias, eu odiei. Viu, eu disse que não era tão tarde para as pitangas, uvas, morangos. Lembrei que tem morangos na geladeira, se quiser...tem creme de leite. Bom, eu sei que você adora morangos.
Bem, eu estou meio entristecida. Mas não é entristecida totalmente, apenas uma parcela, 20% vai. Na verdade é uma falta, eu acho que sinto falta da minha rua, nessa época do ano ela está cheia de folhas no chão, enfeites, falta daquele céu, lá o céu é outro, você não sabia. Falta de um punhado de coisas. Algumas fiz questão de esquecer, outras eu bem que queria ter trago, mas não deu.
Tudo bem. É meio contrangedor você me olhando assim, prestando atenção, você nunca presta atenção, e talvez seja por isso que eu goste de lhe contar, você não palpita. Mas hoje você está mesmo ouvindo. Está? Eu sei que está, foi só pra ter certeza. Acho que o telefone não está funcionando. Está quebrado. Melhor, a linha está desligada. Não peguei a conta. O quê? Você pagou? Que saco, eu só queria um motivo idiota para não ligar. Já sei, está tarde. Alias, muito tarde. Eu vou dormir. Vamos? Amanhã conversamos.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Eu disse a ela:

- Precisamos marcar um café. Eu disse ao Ro.
Se cuide. Alias, limpe os pensamentos e lave sua alma. Aproveite esses dias que esta chovendo. Eu vou aproveitar.
Caio sempre sabe o que dizer

Eu vou te dizer o que eu pensei agora:
- Caralho, é a melhor crônica que eu já li em toda a minha vida!
Estou falando de uma crônica do Caio. Chama-se "Mofo". A maioria das frases dele que eu tanto me identifico estão nessa crônica. Tudo que eu consigo pensar é: Eu preciso desse livro.

Sabe, é difícil de explicar, mas li nunca tacada e não faz nem quinze segundos, dezesseis, e já quero ler outra vez. E leria outra e mais outra.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Saudadedetodoaqueleazul

Vejamos por onde começo... Eu tenho tanto a dizer que ás vezes me perco. Espere, eu sei exatamenteo que dizer. Ok ok, eu não sei.

Caio sabe:
"Seja como for, continuo gostando muito de você - da mesma forma -, você está quase sempre perto de mim, quase sempre presente em memórias, lembranças, histórias que conto às vezes, saudade..."


Ás vezes eu deixo escapar essa saudade, mas isso não deveria acontecer. AGORA JÁ FOI!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

FERIADO

No momento a distância tem sido a vilã, daquelas bem malvadas, interpretadas por atrizes bonitas e de expressão forte, que roubam velhinhos e matam vizinhos.
E eu questiono não sei a quem se a distância tem intensificado, ou se é consequência de uma distância já existente. Que piegas.
Sabe, já perdi contato com várias pessoas, umas eu senti, outras eu não minto, foram tarde, uma ou duas me conformei, afinal eu sei que algumas pessoas ficam em nossas vidas por determinados momentos, mudam pensamentos, intensificam momentos e se vão.
e você deve estar se perguntando: por que diabos ela está falando sobre isso? hoje eu senti um espaço vago tão grande entre ela. e não tem a ver com distância, não moramos tão longe, uma hora, isso em uma velocidade média. Mas mesmo assim é como se eu morasse em São Paulo e ela no Polo Norte, na ponta afastada do norte. E cai uma dor repentina, uma pontada de dor no lado esquerdo do peito. Algo que disfarço com um cigarro.
Posso dizer, tentei me aproximar quando morávamos juntas, e como eu tentei, mas tudo do que falávamos era sobre os episódios das novelas e o preço do açúcar no mercado. Mas eu sentia falta das conversas sobre garotos, sobre a família e um cafuné que só as mães podem dar, com direito a puxão de orelha, afinal, nem tudo é festa. AH, como eu sentia.
Mas veja só, de vez enquando, aquele 'quando mesmo' ligo para saber se está tudo bem e normalmente está, ela sempre diz a mesma coisa: “- está indo”. Eu sei que está. Conversamos rápido, nada que eu possa me apegar e por fim

- Então, tchau. Apareço por ai.
- Apareça.
- Ok, beijo.
- Outro.
E eu afirmo, mesmo estando aqui ou lá a distância é a vilã. Mas falamos disso amanhã. Preciso desligar.



sábado, 5 de setembro de 2009

00:15

Esperei que viesse mais cedo, você chegou ás 22:32, agora são 23:48 e você precisa ir ás 00:15 para pegar o último trem. Comecei lhe contando essas coisas porque você perguntou como eu ia e eu vou bem. Porem algumas coisas me aborrecem. Isso é afável, digo, sempre algo nos aborrece, a mim o transito, a falta de decência, a hipocrisia, filas, meus pais, perdas, saudades. Bem, todos esses aborrecimentos poderiam formar uma história, e eu lhe contaria alguns exemplos, mas convenhamos, que coisa mais chata.
Você deve ter notado que troquei as cortinas brancas, que já estavam amarelas, por esses vermelhas. Afinal eu gosto de vermelho e acho que fica bem em qual quer que seja o canto. Até neste cômodo sem graça. Algumas coisas não mudam, incluindo meu quadro da Audrey Hepburn, meus livros mal colocados na estante, todos os cinzeiros que roubei nos barzinhos da vida.
Mas você comentou no começo dessa conversa que tinha algo para dizer. Não me diga se for tragédia. Já foi o dia que tive emocional para isso. Lembra quando aquele colega dos tempos de colégio morreu? Eu não tinha mais contato, mas chorei ao ver os outros chorarem. Me doeu o peso da perda. Não sei lidar com perdas, eu nunca soube. Perdi uns selos e ainda não me conformei com isso. Mas não me deixe dispersar, você sabe que eu falo dos tempos da Grande Guerra no Japão se você comentar da sua vizinha japa.
Fale rápido, você só tem 5 min ou perderá o trem.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

- Vontade de ler Morangos Mofados;

Sabe, me bateu um gosto de saudade na boca, um sabor meio adocicado, meio amargo, uma secura por entre os lábios, uma falta. As mãos ocupadas de sacolas e aquele vazio no canto esquerdo da língua. Lembrei que esqueci de comprar café e alguns selos para lhe escrever. Lembrei daquilo, de tudo isso, em 12 segundos de elevador.

(Minhas manhãs de insônia ás vezes bem aproveitadas)